A revista de humor que mais influenciou a cultura pop chega aos 60 anos na ativa, mas sem o mesmo peso de outros tempos. Revista 'Mad' circula há 38 anos nas bancas do Brasil
"Mad" está mais presente na memória afetiva de gerações de fãs do que nas bancas dos Estados Unidos. Chegou a vender mais de 2,1 milhões de exemplares por edição em 1974. Nesta década, atinge quase 200 mil.
Hoje chega às lojas americanas "Totally Mad", livro que tenta abordar, em 256 páginas, uma história iniciada por Harvey Kurtzman, editor completamente insano, e William Gaines, herdeiro da então poderosa EC Comics.
Com um gibi campeão de vendas na época, "Tales from The Crypt", Gaines deu liberdade para Kurtzman criar um gibi com a proposta de ridicularizar tudo. Tudo mesmo.
A "Mad" número um é, oficialmente, uma publicação de outubro de 1952, mas chegou às bancas no final de agosto. Emplacou logo de cara, fazendo piada da sociedade americana no pós-guerra.
Como os quadrinhos eram sujeitos a um rigoroso código de ética, depois de alguns números o título se transformou em revista, com alguns textos no cardápio.
O garoto banguela de orelhas enormes que se transformou no símbolo da revista fez sua estreia em 1954. Mas a primeira capa com Alfred E. Neuman só apareceu pela primeira vez na edição 21, em março de 1955.
Muitos críticos destacam a importância de "Mad" na contracultura dos anos 1960, mas o editor à época, Al Feldstein, sempre defendeu que os hippies também eram alvo de sátiras na revista.
"Ninguém pode ser poupado. O espírito da 'Mad' é fazer as pessoas desconfiarem de todos. Queremos leitores que pensem por si próprios", conta o editor, John Ficarra, à frente da equipe desde 1984.
Tal equipe, chamada na própria revista de "a habitual gangue de idiotas", reuniu cartunistas geniais, como Don Martin, Sergio Aragones, Al Jafee e Dave Berg.
Depois da cara inconfundível de Alfred E. Neuman, transformada em figuras da cultura popular a cada nova capa, talvez a maior marca registrada da "Mad" seja a sátira de filmes e séries de TV.
Inúmeros artistas construíram essa fama, notadamente Dick DeBartolo nos textos e Mort Drucker nos desenhos. A tradição começou na edição número 6, em agosto de 1953, com "King Kong".
O número 518, atualmente nas bancas americanas, traz o último filme da saga "Crepúsculo". Na capa, Neuman aparece como o filho de Bella e do vampiro Edward.
Mudanças no mercado cinematográfico provocaram uma guinada das sátiras da "Mad" para as séries de TV. Sempre contempladas, elas agora ganham mais espaço.
"Antes um filme ficava meses em cartaz. Tínhamos tempo de assistir a cada um e produzir as sátiras antes que sumissem dos cinemas", explica Ficarra. "Hoje, as séries se prestam melhor a isso."
Com a revista muito mais direcionada à sátira política em um ano de eleição americana, a ideia agora é ganhar uma nova geração de leitores com o blog "The Idiotical"
Via Folha de SP