Há quase 25 anos, o verão de 1987/88 foi marcardo por um inusitado acontecimento, que começou na primavera, lançando moda e modificando a vida de muita gente. Numa manhã de setembro, as praias foram tomadas por latas de aço. Precisamente 15 mil delas.
Dentro de cada uma, um quilo e meio de maconha, prensada e embalada a vácuo. — O mar foi o destino final de um carregamento estimado de 22 toneladas da droga. O navio Solana Star, que ia da Austrália para os Estados Unidos, sofreu uma pane e toda a carga foi despejada no mar, na altura de Cabo Frio, para que não houvesse flagrante — narra o jornalista Wilson Aquino, que está lançando o livro “Verão da Lata: Um verão que ninguém esqueceu”: — É uma homenagem aos 25 anos de uma história muito doida.
Era setembro quando as latas foram jogadas ao mar. Desde agosto, no entanto, a fragata Independência, da Marinha, já procurava pelo navio na costa brasileira. O órgão e Polícia Federal iniciaram as buscas depois que o departamento de repressão às drogas norteamericano avisou que o país estava na rota do Solana. O navio foi encontrado, um dia, fundeado na Baía de Guanabara. Já as latas continuaram sendo encontradas diariamente até o fim do verão, principalmente nas praias da Zona Sul, Angra e litoral de São Paulo. Mas há quem diga que o material chegou até as praias do Rio Grande do Sul.
O único preso, no Brasil, foi o cozinheiro Stephen Skelton, que ficou no navio enguiçado na Baía de Guanabara enquanto seus seis comparsas fugiram, avisados da prisão do homem que receberia a encomenda milionária, nos Estados Unidos.— Os indícios são de que nenhum deles era traficante “profissional”. Eram homens do mar que foram cooptados para o transporte. Talvez por isto tudo tenha acontecido desta forma — analisa Aquino. “Profissional” ou não, Skelton foi preso, julgado e condenado a cerca de 20 anos de prisão. Cumpriu pouco mais de um ano. — Considero uma façanha tê-lo solto, afinal ele foi preso em uma operação de combate ao tráfico internacional de drogas. Mas realmente faltavam provas do envolvimento dele. Era o cozinheiro do navio, ficou para trás quando os amigos sumiram — diz Wanderley Rebello Filho, advogado que conseguiu a absolvição do cozinheiro.
Skelton ainda vive nos Estados Unidos, mas deve retornar ao país. Ele está em contato com produtores que querem levar a história para as telas de cinema. A maconha enlatada estava por toda a parte. Não apenas nas praias, mas na boca do povo, em forma de gírias. Nos anos seguintes e até hoje, com os mais velhos, "da lata" passou a significar que a coisa era boa, fosse o que fosse. No caso da droga, era potente. — Pelo menos três tipos de maconha estavam na lata, misturados. Uma leve, que chamamos de "social", outra que era a "tosse comprida", porque provocava muito pigarro, e uma muito forte, a "teto preto". Esta chegava a provocar desmaio se o trago fosse demorado — explica um homem que teve contato com as latas.
A droga tinha um tratamento que a vendida aqui não tinha.— Era enlatada a vácuo, tratada e pura. Um processamento que não era feito com a droga vendida no país, segundo as análises da época — conta Aquino. Apesar do diferencial, pouca da droga foi parar em bocas de fumo da cidade. As latas resgatadas foram consumidas ou enterradas e nunca resgatadas pelos donos que, nem sempre, sabiam onde tinham sido armazenadas.
Leia mais: http://extra.globo.com/casos-de-policia/o-verao-da-lata-25-anos-depois-4646370.html#ixzz2MIvqEUEd
Ótima matéria!
ResponderExcluirValeu cara
Excluirqueria achar uma lata dessas agora
ResponderExcluirLembro muito bem da expressão "essa é da lata"! kkkkkkkkkkk
ResponderExcluirPqp eu não estava lá.
ResponderExcluirTenho um brother que pegou latas!!! kkkkkkkkkkkkkk Ele contando as histórias é a melhor parte!!!
ResponderExcluirVarias delas apareceram aqui no litoral de Tramandaí, Rio Grande do Sul...
ResponderExcluirO mar leva as coisas longe
Excluirjah ouviu o trecho "o veneno da lata"? huahauhuahuaa
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